Os jogadores brasileiros com quem Ancelotti teve entreveros e se tornaram desafetos

Apresentado como novo treinador da seleção na última segunda-feira, Carlo Ancelotti possui histórico de boas relações com jogadores brasileiros ao longo da vitoriosa carreira. Mas o italiano revelou que já teve desentendimentos com um jogador do Brasil.

"O brasileiro tem um bom caráter, na minha opinião. O jogador brasileiro, em geral, tem um nível técnico maior do que os outros. Do aspecto pessoal, o brasileiro é uma pessoa que tem um caráter tranquilo, humilde, a maioria. Treinei 34. Se penso em um problema com alguém, creio que não. Tive com um, mas não te digo quem é", afirmou Carlo Ancelotti, em entrevista à TV Globo.

Em seu livro "Liderança Tranquila", Carlo Ancelotti conta que teve uma rusga com Rivaldo na época do Milan. O meia chegou ao clube italiano logo após a Copa do Mundo de 2002, quando o Brasil conquistou o Pentacampeonato.

Antes de um jogo em setembro de 2002, Carlo Ancelotti conversou com o brasileiro e disse que ele ficaria no banco de reservas. O jogador, eleito melhor do mundo em 1999, não aceitou.

"Logo no começo da minha primeira temporada completa, houve um jogo pela Champions League e Rivaldo, que não tivera uma pré-temporada integral, nem uma preparação completa para o jogo, foi para o banco. Tentei lhe explicar que ele jogaria dali a três dias, mas ele respondeu: Rivaldo não vai para o banco", recordou Ancelotti em seu livro.

"Rivaldo, você tem de ir para o banco. Ele simplesmente se levantou e foi para casa", continua o italiano no "Liderança Tranquila".

"É difícil para jogadores realmente especiais entenderem que não podem jogar, mesmo quando estão somente 80 por cento em forma. Eles são fantásticos porque querem jogar as partidas, em forma ou machucados. Isso é, em parte, o que faz uma mentalidade campeã", refletiu o treinador.

Rivaldo permaneceu no Milan até o ano de 2004. Pela equipe italiana, o ex-jogador conquistou três títulos: uma Copa da Itália, uma Liga dos Campeões e uma Supercopa da Uefa.

ANCELOTTI X LEONARDO

Carlo Ancelotti teve outro entrevero com um brasileiro. O italiano comandou o Paris Saint-Germain entre 2012 e 2013. Na época, Leonardo era dirigente do clube francês. No mesmo livro, Ancelotti lembrou de um episódio no qual ficou desapontado com o brasileiro. O fato ocorreu antes da última rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

"Por que dizer a um treinador que ele corre o risco de ser demitido? E se tivesse vencido a partida, o que aconteceria? Permaneceria, claro, mas não me sentiria confortável. Porque àquela altura saberia que tinha perdido a confiança do presidente e do diretor esportivo. Vencemos. Jogamos bem e batemos o Porto por 2 a 1. Assim, não me demitiram. Mas nada para mim mais foi a mesma coisa", escreveu Ancelotti.

"Não sentia mais o apoio do clube, o que me deixava em uma posição insustentável, sobretudo em um projeto de longa duração como aquele. Por isso, antecipei ao Leonardo que ao fim da temporada iria embora. Leonardo era meu amigo, ou ao menos eu acreditava nisso. Mas ele não me deu qualquer explicação por que tinha me tratado daquele jeito. Estava surpreso, uma coisa desse gênero não deve acontecer, no futebol assim como em qualquer outro contexto. Se você quer demitir alguém, demite. Não diga que, se perder, vai demitir", completou no livro.